sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Tema Geral:
Relação afetiva entre professor e aluno e o processo ensino-aprendizagem.

Tema Específico:

A relação afetiva entre professor e aluno no processo ensino-aprendizagem em sala de aula no contexto da Educação da roça.

Justificativa:

A educação infantil é o período da vida da criança marcado por profundas transformações e muitas aprendizagens, que sentem e pensam o mundo de forma própria, estabelecendo relações com o mundo em vivem e com as pessoas que compartilham o seu espaço, dessa forma, é imprescindível a afetividade na relação professor/aluno, pois se torna mais fácil e prazeroso a aprendizagem dos conteúdos.
Nas escolas rurais é perceptível a relação de proximidade entre professores e alunos, pelo fato de todos se conhecerem, no entanto, há a necessidade de se buscar alternativas para uma efetiva aprendizagem e uma relação afetiva consistente, assim como a utilização de atividades lúdicas para motivar o educando, contribuindo para a afirmação de sua identidade. Foram observadas salas de aula com práticas metodológicas diferenciadas, percebendo claramente a qualidade e envolvimento dos discentes, quando utilizados a ludicidade como método de ensino e aprendizagem. Aprendem brincando e respeitando, adquirindo hábitos e valores que serão levados por toda a vida.



Problemática:

O ser humano é eminentemente social. Desde que nascemos vivemos em sociedade, fazemos parte e formamos grupos com pessoas das mais diversificadas crenças, origens e personalidades. Graças a esse convívio no decorrer de nossas vidas, vivemos situações que nos constrangem ou enaltecem, sofremos desilusões, aprendemos com nossos erros e acertos e, através de comparações, conseguimos construir a nossa personalidade e interagir com o universo.

As relações humanas, embora complexas, são peças fundamentais na realização de mudanças em nível profissional e comportamental, onde não podemos ignorar sua importância na interação professor e aluno. As relações afetivas entre professores e alunos são indispensáveis na eficácia do processo ensino-aprendizagem, pois instigam a vontade de aprender, a curiosidade pelo conhecimento, aumenta sua auto-estima, ao mesmo tempo em que são incentivados e acreditados pelos educadores, adquirem autonomia e auto-conhecimento para lidarem com situações adversas que aparecem.

A instituição escolar, não deve apenas como instrumento de transmissão do saber - que exige disciplina, método, precisão e rigor - isso também precisa ser ensinado, mas existem outras finalidades que devem ser ensinadas e compreendidas no ambiente escolar – o exercício da cidadania e promover a construção da autonomia, ensinar a conviver com a diversidade, a superar preconceitos. O aprendizado deve ser prazeroso, e é este o desafio mais importante do profissional de educação. Gabriel Chalita usa a letra de um poema de Cecília Meirelles para definir o que é ensinar, quando relata:

“Ensinar é acordar a doce criatura humana dessa espécie de sonambulismo em que tantos se deixam arrastar. Mostra-lhes a vida em profundidade. Sem pretensão filosófica ou de salvação – mas por uma contemplação poética afetuosa e participante.”

A pedagogia avançou e as responsabilidades para os professores aumentaram tudo recai sobre eles. As aulas devem ser planejadas tendo em vista o conhecimento prévio do conjunto discente e as suas necessidades, para que os conteúdos sejam direcionados e assimilados e não “empurrados”, transmitidos.

No caso de classes de educação infantil, estão vivendo uma das mais complexas fases do desenvolvimento humano, nos aspectos intelectual, emocional, social e motor, marcado por profundas transformações, rápido desenvolvimento e muitos aprendizados, em que serão mais ricas e qualificadas de acordo com as condições oferecidas pelo ambiente e pelas pessoas que a cercam. Na concepção walloniana, o processo de desenvolvimento infantil se realiza nas interações, que objetivam não só a satisfação das necessidades básicas, como também a construção de novas relações sociais, como o predomínio da emoção sobre as demais atividades. Tanto a emoção quanto a inteligência são importantes no processo de desenvolvimento da criança, de forma que o professor deve aprender a lidar com o estado emotivo da criança para melhor poder estimular o seu crescimento individual(Krueger, 2007.). O processo ensino-aprendizagem ganha força também nas atividades lúdicas, porque ao contrário do que muitos pensam – que são usados para substituir as atividades, – as brincadeiras são poderosos instrumentos educacionais, desenvolvendo habilidades e percepções quase impossíveis no ensino tradicional. Assim como observado em uma escola rural do município de Irecê, em diferentes turmas de educação infantil com práticas metodológicas diferenciadas, sendo que, utilizando-se a ludicidade o aprendizado do educando era mais visível, além da alegria ao ensinar e prazer em aprender, presente no rosto de cada um.

É notável, que a proximidade entre docentes e discentes da zona rural é mais presente em virtude de todos se conhecerem, facilitando e contribuindo para bons resultados no processo de ensino e aprendizagem. Tendo em vista, que na sua maioria os professores saem da cidade para trabalharem na roça, às vezes por perseguição política, sofrem com problemas de transporte e moradia, baixo índice salarial, além do acumulo de funções, levando consigo características urbanas, que ocasionam alterações nos valores socioculturais dos alunos, em virtude dos fatos, surgem no professor uma insatisfação e desmotivação com o trabalho, sendo reproduzidos no índice de aprendizagem do educando.

Outro problema enfrentado pela escola rural, é o fato da inadequação do currículo, embora grande parte das vezes, o mesmo é estipulado por resoluções governamentais e, apesar das adaptações à realidade rural, trazem um referencial urbano de escola. Os livros didáticos trazem conteúdos diferenciados da realidade dos discentes, uma vez que há um maior aprendizado quando faz relação com seu modo de vida, reafirmando sua identidade cultural.

É preciso também, analisar as dificuldades para se cumprir o papel enquanto aluno aquele que em linhas gerais, está sendo avaliado pelo desenvolvimento formal de suas habilidades (CHALITA, 2001.), aquele que também cumpre o papel de trabalhador rural, para ajudar nas despesas da família, que enfrenta a distância existente entre moradia, trabalho e escola, como um dificultador para a freqüência constante no ambiente educativo. Além de carregarem consigo uma relação de exclusão/negação, fortalecido pela idéia de campo como lugar de atraso, um preconceito histórico que herdamos do trabalho rural na escravidão, o trabalho agrícola tornou-se uma marca de inferioridade social, causando no aluno bloqueios, medos, ansiedades e outros traumas que atrapalham o processo de aprendizagem porque geram insegurança, muitos não querem conversar, ler, participar, mas nem por isso devem ser deixados de lado. É preciso tentar conhece-los para auxiliá-los, para que assim quebrem esses bloqueios e dê lugar à aprendizagem.

Nesse contexto, precisamos não de professores mágicos, mas comprometidos com a prática docente, a fim de enfrentar todos os obstáculos, de conhecer o aluno e melhorar sua prática educativa. Educação prescinde afeto (CHALITA, 2001). E os alunos precisam de afeto. O professor que apenas transmite informação não consegue perceber a dimensão do afeto na aprendizagem do aluno. Com a família cada vez mais desestruturada gera filhos ainda mais complicados, ressequidos, carentes de um mestre que estenda a mão e não tenha medo de dar amor.

É sabido, da quantidade de alunos em uma mesma sala de aula, e a dificuldade para se trabalhar as peculiaridades de cada um, a diversidade de cultura e de modos de vida e, por conseguinte pessoas que negam ou ironizam nossos próprios valores, nossos gostos e, por vezes, nossos direitos (PERRENOUD, 2001), surge a necessidade de desenvolver alternativas para trabalhar em grupo, envolvendo um todo. É nesse sentido, que as atividades lúdicas funcionam envolvendo todos em tarefas agradáveis, que lhes convidem e desperte prazer, objetivando o aprendizado, a interação entre professor e aluno, o reconhecimento de que são capazes.

E, por fim, não poderíamos negar a existência de classes sociais ou fazer de conta que elas não desempenham um papel significativo nas desigualdades escolares, muito menos dividir o mundo escolar em rural e urbano, com ensino e professores diferenciados, pois vivemos em um mesmo mundo, sendo preparados para uma mesma seleção de um sistema capitalista. Professores e alunos, sujeitos ativos do processo educacional, que não pode de forma alguma ser substituído por equipamentos tecnológicos, que se configura apenas em aspectos materiais se compararmos ao papel e à importância do educador, o aluno como agente do processo de aprendizagem, precisa de orientação, precisa de líderes que possam conduzi-lo a caminhos razoáveis de desenvolvimento pessoal. A afetividade é o caminho para uma educação qualitativa do presente e do futuro.

Problema:

Como a relação afetiva entre professor e aluno contribui no processo ensino-aprendizagem em sala de aula em classes de séries iniciais de escolas públicas da zona rural?

Referências Bibliográficas:

Chalita, Gabriel. Educação: a solução está no afeto. – São Paulo: Editora Gente, 2001. 1ª ed., 2004.
Perrenoud, Philippe. A pedagogia na escola das diferenças: fragmento de uma sociologia do fracasso. Trad. Cláudia Schilling. – Porto Alegre: Artmed Editora, 2004.

Krueger, Magrit Froehlick.A relevancia da afetividade na educação infantil.Disponivel em:.Acesso em: 10 agos. 2007.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007



“É por intermédio das modificações comportamentais da área afetiva que a escola pode contribuir para a fixação dos valores e dos ideais que a justificam como instituição social.” (Elias, 1996.)